Iguaçu 100 anos - A história do clube amador mais antigo do Paraná
Suor, união, lágrimas, alegrias,
derrotas e vitórias. Muitas vitórias. Assim pode se resumir a história
centenária da Sociedade Operária Beneficente Esportiva Iguaçu, um símbolo da
comunidade italiana de Santa Felicidade e, principalmente, do futebol amador do
Paraná, sendo o clube amador mais antigo do estado, dentre os que estão em
atividade. Revisitamos pontos importantes da história do galo alvinegro nestes
100 anos de história.
#Especial
Por
Yuri Casari e Vinícius do Prado
Colaboração
de Levi Mulford
Em 1919, o futebol ainda era um
fenômeno recente no Paraná e em sua capital, Curitiba. Os primeiros clubes da
cidade começaram a ser fundados a partir do final da primeira década do século
XXI. Enquanto em outros pagos o esporte já dominava as massas e era a vedete
das elites, aqui as coisas caminhavam a passos lentos. Quando vinicultores da
região do Butiatuvinha se reuniram para criar o Ouro Verde Sport Club naquele
ano, havia acabado há pouco apenas a 5ª edição do Campeonato Paranaense,
vencida então pelo Britânia, primeiro bicampeão estadual da história.
A ideia inicial daqueles imigrantes
italianos era jogar alguns amistosos e congregar a comunidade local. E assim
nasceu o alvinegro em 6 de junho de 1919. O primeiro amistoso do clube foi
contra o extinto Aliança Futebol Clube, do Campo Comprido, e o galo já
demonstrou em sua estreia um pouco da força que teria em sua história, goleando
por 6 a 2. A partida aconteceu onde hoje se encontra o estádio Egydio Ricardo
Pietrobelli. O terreno era de propriedade do homem que dá nome ao campo de jogo
iguaçuano. Presidente do clube por mais de 15 anos, foi o responsável por
adquirir e doar a área ao clube, inclusive colocando sua própria residência
como garantia.
Logo, o clube passou a ser chamado de
Iguassu FC, e durante anos participou apenas de amistosos. Até que em 1938, o
clube é batizado com o nome que perdura até hoje e é iniciada a construção da
sede social, dando o primeiro passo para transformar o Iguaçu na potência
esportiva, mas também em importante centro de convívio social, fazendo parte da
história cultural de Curitiba, com grandiosos bailes e festas.
Voltando ao futebol, ainda no final da
década de 30, o clube se filia à LCEA, Liga Curitibana de Esportes Atléticos,
que depois se transformou na Liga Suburbana de Curitiba. De 1942 a 1952, o
clube não participou de competições oficiais, voltando aos torneios na 3º
divisão de Amadores. Em 1958 alcança a elite do futebol suburbano e já em 1959
dá início ao caminho de títulos da Suburbana que transformou a equipe alvinegra
em uma das mais vitoriosas do futebol amador local. O vice-campeão foi o
Trieste, fundado em 1937, e que não demorou a assumir o papel de grande rival
iguaçuano.
Em 1962, o Iguaçu voltou a levantar o
troféu citadino, e novamente sobre o Trieste, que amargou quatro vices
consecutivos entre 59 e 62. Quatro anos depois, novamente em ano de Copa do
Mundo, o Iguaçu conquistou seu terceiro título de Suburbana e ainda engatou seu
primeiro bicampeonato. Em 66 deixando para trás novamente o rival Trieste, e em
67 tendo o Bacacheri como vice.
O alvinegro voltou a comemorar em 1973,
e com um doblete, faturando o título da Suburbana e também o da Taça Paraná. O
sexto título local vem em 1977, precedendo uma década conturbada na história iguaçuana.
Quem vê o Iguaçu hoje forte e poderoso, talvez não se lembre ou não conheça
alguns percalços. Em 1982, o clube passou por uma tragédia. Durante uma festa
junina, um vendaval derrubou o teto, causando pânico nas mais de 500 pessoas
presentes. Felizmente, apesar do susto e dos ferimentos, causados
principalmente pela tentativa desesperada de evacuar o local, ninguém perdeu a
vida. Em 86, por problemas financeiros, o clube pediu o licenciamento das
competições da FPF e retornou apenas em 88. O mesmo aconteceu no início dos
anos 2000, quando após uma década de 90 marcada por fracassos em campo e fora
dele, o clube teve de novamente jogar a segunda divisão local, entre os anos de
2002 e 2004.
Mas apesar de tudo, a tradição sempre
fez do Iguaçu um time a ser temido. Depois de quinze anos de jejum e cinco
vices no período, a equipe voltou a se sagrar campeã em 1992. A partir daí, um
novo jejum aconteceu. Foram exatos vinte anos para conseguir soltar o grito de
campeão preso na garganta. Comandado por Alei Silva Jr, o Juninho, um
especialista em quebrar jejuns, o Iguaçu derrotou o Bairro Alto e conquistou o
oitavo título suburbano. A partir dessa conquista, e com uma gestão moderna, o
Iguaçu se agigantou e voltou a ser um protagonista do futebol de Curitiba.
Além dos títulos, passaram pelo
alvinegro muitos craques. Mas nenhum tem tanta identidade com o clube como
Romeu Stival. O homem de sotaque italiano que hoje carrega grisalhas madeixas foi torcedor,
goleiro, treinador, diretor de futebol e assumiu outros cargos de gerência no
Iguaçu, tendo sido campeão da Taça Paraná de 73. Atualmente, aos 78 anos,
voltou aos tempos de menino e é um dos mais presentes torcedores nos alambrados
do Egydio Pietrobelli.
Romeu pôde ver nos últimos anos o Iguaçu repetir o bicampeonato da Suburbana, conquistado em 2016 e 2017 sob comando de Juninho, e voltar a vencer a Taça Paraná depois de mais de 40 anos de espera, dessa vez com o ex-capitão Luisinho Netto à frente da equipe, em 2018. E no ano do centenário, a expectativa é grande para que novas conquistas mostrem o caminho para mais 100 anos da Sociedade Operária Beneficente Esportiva Iguaçu.
Romeu pôde ver nos últimos anos o Iguaçu repetir o bicampeonato da Suburbana, conquistado em 2016 e 2017 sob comando de Juninho, e voltar a vencer a Taça Paraná depois de mais de 40 anos de espera, dessa vez com o ex-capitão Luisinho Netto à frente da equipe, em 2018. E no ano do centenário, a expectativa é grande para que novas conquistas mostrem o caminho para mais 100 anos da Sociedade Operária Beneficente Esportiva Iguaçu.
APOIE
O PROJETO DRAP - Com o seu apoio, a equipe DRAP terá chancela de produzir
conteúdos extras e de exclusividade, além de ajudar nos custos os integrantes
da equipe, com transporte e entre outros. Conheça a nossa campanha de apoio
colaborativo na @catarse - http://catarse.me/drap

Reportagem bacana, mas apenas uma correção: O Iguaçu é o 3º Clube Amador mais antigo em atividade no Paraná. Antes dele, temos o Cruzeiro de Morretes (1914) e o 29 de maio de Antonina (01/06/1919). Mais informações do 29 de Maio (https://aa29demaio.wordpress.com)
ReplyDelete