[ENTREVISTA] Aos 35 anos, Baresi quer manter boa fase com a camisa do clube do coração
No
mundo do futebol, o nome Baresi é unanimidade na lista de melhores defensores
da história. Todos obviamente associam ao ex-zagueiro italiano, campeão do
mundo pela “Squadra Azzurra” em 1982. O futebol amador curitibano também tem um
Baresi para chamar de seu, e o volante vive grande momento após o título da
Série B pelo Fortaleza. Mesmo com 35 anos, ele acredita que tem lenha pra
queimar nos gramados suburbanos.
#ENTREVISTA
O apelido foi dado no
início da carreira do jovem Adelar Becker, que começou na Suburbana atuando
como zagueiro. Era o ano 2000, e ele jogava pela equipe juvenil do Bangú. “O
próprio presidente Ronaldo que me batizou como Baresi por eu jogar na zaga.
Depois cheguei a atuar como lateral direito e daí que passei pra volante”,
relembra Adelar.
Dali foi para o juniores
do Iguaçu, onde ficou por dois anos e foi comandado pelos treinadores Jaime
Onofre e Angel Lopes – a quem lembra com muita estima. Mas, como todo jovem que
ingressa no mundo da bola, Baresi tentou a carreira profissional. Passou pela base do Partner
Sport, embrião do que seria o Andraus, onde jogou ao lado de ninguém menos que
Diego Tardelli, atual centroavante do Atlético Mineiro! No entanto, a rápida
aventura no profissional teve seu ápice em 2003, quando quase foi contratado
pelo Comercial-MS. “Eu nunca tinha saído de Curitiba, e quando fui pra lá senti
muita falta da minha família. Quando fui assinar o contrato, não aguentei e
acabei voltando pra casa. Fui profissional por uma semana”, recorda Baresi.
Com as raízes fincadas na
capital paranaense, o volante foi para o Santa Quitéria e parecia engrenar na
carreira dentro do amador. Mas a vida lhe pregou outra peça que o afastaria do
futebol novamente.
“Exílio
da bola” e retorno ao ponto inicial
A responsabilidade chegou
para o então adulto Adelar. Precisando trabalhar para sustentar a família, teve
de abdicar do futebol amador em 2008. O revezamento entre Suburbana e outros
trabalhos acontece de forma recorrente em outros casos, mas com o volante não
foi assim. Ele ficou oito anos sem
poder fazer o que mais gostava, e a angústia crescia a cada proposta. “Foi
triste porque muitos queriam me ver de volta, todo mundo mandava convite... Mas
naquele momento eu tinha que focar no trabalho, até que em 2016 eu consegui
voltar ao amador”, explica Adelar.
O retorno foi onde tudo
começou. No escrete banguense, chegou a disputar alguns jogos da campanha que
culminou no título da Copinha em 2017. “Foi uma alegria imensa voltar aos
campos depois de tanto tempo. A verdade é que eu nunca deveria ter parado de
jogar”, opina o volante.
De volta a ativa, Baresi
foi para o Imperial, atuando por dois anos na Divisão Especial da Suburbana com
a camisa do clube do Mossunguê. No entanto, dentro do coração do agora
experiente Adelar, havia uma dívida com sua própria história. Em 2019, era hora
de defender outro Tricolor na zona oeste da cidade.
Redenção
no Fortaleza e futuro
O Fortaleza apareceu tarde
na carreira futebolística de Baresi, mas não na vida de Adelar, que morou por
14 anos na região do Jardim Gabineto. Quando iniciou a trajetória na Suburbana,
o clube já não vivia as épocas gloriosas dos anos 90 e pediu licença da
Federação Paranaense de Futebol antes mesmo do jogador chegar à categoria
adulta. O “casamento” entre Baresi
e Fortaleza aconteceu em um momento em que ambos estavam se reconstruindo. O
Forta vinha de um rebaixamento amargo e precisava retornar rapidamente à Série A da Suburbana. Já o atleta saiu do Imperial após atuar bastante em 2018, em
um cenário de austeridade financeira por parte do clube do Mossunguê.
As duas partes mostraram
que estavam vivíssimas, com o time do Gabineto conquistando o acesso e o título
da Série B após 21 anos, além da participação na Taça Kaiser 2020 (a
primeira competição inter-Estadual da história da agremiação). Baresi ganhou a
titularidade e, ao final da Série B, integrou a seleção DRAP dos melhores da edição passada. Esse ressurgimento deu um
novo gás ao volante, que pretende jogar por mais um tempinho. “A Série A é o
melhor campeonato amador do Brasil, e o Forta continuando comigo creio que
consigo jogar mais dois anos. Me sinto muito bem para estar nos campos”,
explica Adelar. O atleta espera concluir a carreira com chave de ouro. “Meu
desejo é de aposentar no Fortaleza, clube da minha vila”, arremata Baresi.
Embora tenha experiência, Adelar
preserva o amor pela bola dos tempos de guri. Se por oito anos não pode fazer o
que mais gosta, agora aproveita cada segundo como se fosse o último, com a raça
que construiu seu nome nos gramados amadores. Franco Baresi, o italiano,
se aposentou aos 37 anos. E o Baresi suburbano? Só o tempo dirá.
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