[ESPECIAL] Início do fim: 51 anos do último clássico Ope-Guá
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Foto: Allyson Santos |
#AMADORPG
Por Allyson Santos
A
despedida
Naquele sábado, Operário e Guarani
entraram em campo pela 4ª rodada da Divisão de Acesso do Campeonato Paranaense.
O palco era o Estádio Germano Krüger, em Vila Oficinas. O Fantasma vinha de
três vitórias seguidas e precisava ganhar o clássico para se aproximar ainda
mais da elite estadual. Os dois escretes já haviam se enfrentado no 1º turno do
certame, com triunfo do alvinegro por 3 a 1 fora de casa. Com a derrota para o
maior rival ainda engasgada, o Guarani tinha de arrancar pontos do Operário
para se manter vivo.
O duelo carregado de emoção chegou ao fim
com o gol do atacante Padreco, que garantiu a vitória do Fantasma. Aquele que
seria o último Ope-Guá disputado em âmbito profissional, também selou o destino
dos dois clubes. O Operário foi campeão e avançou para a Divisão Especial,
enquanto o Guarani permaneceu na “segundona”, amargando uma grave crise
financeira. Era só o começo do fim.
As ruas de Ponta Grossa, que foram
tomadas por torcedores alvinegros após o título de 1969, sofreram um baque no
ano seguinte. O time de Vila Oficinas foi rebaixado e, junto do Guarani, pediu
licença do Campeonato Paranaense. Anos depois, o alvinegro retomou as
atividades e hoje representa o município Brasil afora. O rubro-negro se voltou
para o cenário amador, fortalecendo as atividades como clube recreativo.
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Guarani de 1969: Osires Nadal; J.Alves, Altevir, Mario, Ernani, Mota, Daniel, Leopoldo e Nelson Lopes; João Maria, Moscatelli, Amilcar, Rubens, Henrique e Duda. |
As diferenças entre o Operário e Guarani
passam diretamente pela origem dos dois times. O alvinegro de Vila Oficinas,
fundado por um grupo de ferroviários em 1912, sempre teve uma identificação
maior com a classe trabalhadora da cidade e hoje carrega o peso de ser o
segundo clube mais velho do Estado em atividade.
Na intenção de formar um escrete que
viesse a ameaçar o domínio municipal do Fantasma, esportistas locais fundaram o
Guarani Esporte Clube em 1914. Associado a elite ponta-grossense, o próprio
nome do Rubro-negro teve uma origem poética. Segundo José Cação Ribeiro Junior,
autor do livro “O Bugre Princesino”, o batismo do GEC veio a partir da obra “O
Guarani”, escrita por José de Alencar, que relata as histórias de um jovem
guerreiro indígena. Nos primeiros anos, a sede vermelha e preta foi o Jockey
Clube de Ponta Grossa, local frequentado pelas classes mais altas.
Segundo os registros analisados, o
primeiro duelo entre os dois times foi em um amistoso realizado no dia 22 de
novembro de 1914. Assim como o último duelo oficial, a partida terminou com
vitória do Operário por 1 a 0.
A rivalidade atravessou o auge entre os
anos 1940 e 1960. Nesse período, a cidade não se dividia apenas no campo. Os
opostos eram visíveis nos bares da Rua XV de Novembro, localizada no centro de
Ponta Grossa. Enquanto um dos estabelecimentos abrigava os torcedores
rubro-negros, o outro só abrigava operarianos. Em meio às provocações, as
diferenças se acentuaram cada vez mais. Parte da imprensa na época também
auxiliou na disseminação da importância do confronto.
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Operário de 1969: Roberto, Nilo Gomes, Mourão, Jamil, Nilson e Ferrinho. Nilson Peres, Padreco, Sabino, Reinaldo e Gauchinho. |
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